quarta-feira, 6 de julho de 2011

HOJE É TEMPO DE SER FELIZ*

A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a idéia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.

Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existencia as mais diversas formas de sementes.

Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós,será plantação que poderá ser vista de longe...

Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que "debaixo do céu há um tempo para cada coisa!"

Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura.

Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos!

Infelicidade, talvez seja o contrário.

O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã!

Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra. Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas.

Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores...

Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa.

Cuidado com os amores passageiros... eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam...

Cuidado com os invasores do seu corpo... eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem...

Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar... eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena...

Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade...

Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.

Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo.

Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz.

Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida.

Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito...

A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta "que os sonhos não envelhecem..."

Vai em frente. Sorriso no rosto e firmeza nas decisões.

Deus resolveu reformar o mundo, e escolheu o seu coração para iniciar a reforma.

Isso prova que Ele ainda acredita em você. E se Ele ainda acredita, quem sou eu pra duvidar... (?)

*Texto Padre Fábio de Melo

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A felicidade realista*


De norte a sul, de leste a oeste, todo mundo quer ser feliz. Não é tarefa das mais fáceis. A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda  mais complexos.


Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos,sarados, irresistíveis. 

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica, a bolsa Louis Vitton e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.
Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário,queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Por que só podemos ser felizes formando um par e não como pares? Ter um parceiro constante, não é sinônimo de felicidade, a não ser que seja a felicidade de estar correspondendo a expectativas da sociedade, mas isso é outro assunto. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com parceiros, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como  um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.

*Texto de Martha Medeiros

terça-feira, 21 de junho de 2011

Já... *

Já fui julgada.
Até crucificada
Já fui enaltecida
e muito amada.

Já fui certa e errada.
Já julguei e condenei.
Arrependi-me e me desculpei.

Já fiz de tudo um pouco
Porque meu verbo é solto.
Se sinto, preciso falar,
Se me incomoda
Tenho que questionar.

Mal interpretada costumo ser
Mas o que posso fazer
Quando preciso dizer
O que vai dentro do meu coração
E bole com a minha emoção.

Já fui injusta com quem não deveria ser
e cruel com quem fez por merecer.
Já fui bondosa e companheira.
Já fui até a enfermeira
De vidas que desabavam.

Já fui bombas que estouravam
Em meio a guerras devastadoras.
Já fui a doutora que curou
Um coração que se feriu por amor.

Já fui à personagem esquecida
E a atriz principal.
Já fui recatada e imoral.

Já fui alguém que o vento levou
E que trouxe, de volta, por um favor.
Já acertei e errei
Adoeci e me curei.

Já pedi e implorei.
Já cedi, vendi e dei.
Já me culpei e me torturei
Por tantas coisas que nem sei.

Já corri muito atrás
Mas era longe demais
E não consegui chegar.

Já rasguei lembranças
Que não prestavam mais.
Já remexi o lixo para achá-las
E de volta, na gaveta, colocá-las.

Já fiz de tudo um pouco
Afinal sou normal,
Só não posso revelar
O etc. e tal.

*Texto de Martha Medeiros

sábado, 18 de junho de 2011

Saudades*


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...

* Texto de Clarice Lispector

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Veteranos de guerra*


Quando se fala de amor, muitos usam palavras bélicas, como luta, batalha, conflito. Amar pode ser uma guerrilha diária mesmo.

Isso me faz lembrar os desfiles de veteranos de guerra que a gente vê em filmes, homens uniformizados em suas cadeiras de roda apresentando suas medalhas e também suas amputações. Se o amor e a guerra se assemelham, poderíamos imaginar também um desfile de mulheres sobreviventes desse embate no qual poucos conseguem sair ilesos. Não se perde uma perna ou braço, mas muitos perdem o juízo e alguns até a fé.

Depois de uma certa idade, somos todos veteranos de alguma relação amorosa que deixou cicatrizes. Todos. Há inclusive os que trazem marcas imperceptíveis a olho nu, pois não são sobreviventes do que lhes aconteceu, e sim do que não lhes aconteceu: sobreviveram à irrealização de seus sonhos, que é algo que machuca muito mais. São os veteranos da solidão.

Há aqueles que viveram um amor de juventude que terminou cedo demais, seja por pressa, inexperiência ou imaturidade. Casam-se, depois, com outra pessoa, constituem família e são felizes, mas dói uma ausência do passado, aquela pequena batalha perdida.

Há os que amaram uma vez em silêncio, sem se declararem, e trazem dentro do peito essa granada que não foi detonada. Há os que se declararam e foram rejeitados, e a granada estraçalhou tudo por dentro, mesmo que ninguém tenha notado. E há os que viveram amores ardentes, explosivos, computando vitórias e derrotas diárias: saem com talhos na alma, porém mais fortes do que antes.

Há os que preferem não se arriscar: mantém-se na mesma trincheira sem se mover, escondidos da guerra, mas ela os alcança, sorrateira, e lhes apresenta um espelho para que vejam suas rugas e seu olhar opaco, as marcas precoces que surgem nos que, por medo de se ferir, optaram por não viver.

Há os que têm a sorte de um amor tranquilo: foram convocados para serem os enfermeiros do acampamento, os motoristas da tropa, estão ali para servir e não para brigar na linha de frente, e sobrevivem sem nem uma unha quebrada, mas desfilam mesmo assim, vitoriosos, porque foram imprescindíveis ao limpar o sangue dos outros.

Há os que sofrem quando a guerra acaba, pois ao menos tinham um ideal, e agora não sabem o que fazer com um futuro de paz.

Há os que se apaixonam por seus inimigos. A esses, o céu e o inferno estão prometidos.

E há os que não resistem até o final da história: morrem durante a luta e viram memória.

Todos são convocados quando jovens. Mas é no desfile final que se saberá quem conquistou medalhas por bravura e conseguiu, em meio ao caos, às neuras e às mutilações, manter o coração ainda batendo.

*Texto de Martha Medeiros

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dos ficantes aos namoridos*


Se você é deste século, já sabe que há duas tribos que definem o que é um relacionamento moderno.

Uma é a tribo dos ficantes. O ficante é o cara que te namora por duas horas numa festa, se não tiver se inscrito no campeonato “Quem pega mais numa única noite”, quando então ele será seu ficante por bem menos tempo — dois minutos — e irá à procura de outra para bater o próprio recorde. É natural que garotos e garotas queiram conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... Esquece, não acho natural coisa nenhuma. Considero um desperdício de energia.

Pegar sete caras. Pegar nove “mina”. A gente está falando de quê, de catadores de lixo? Pegar, pega-se uma caneta, um táxi, uma gripe. Não pessoas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegueeuse, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos. 

Pegar, cá pra nós, é um verbo meio cafajeste. Em vez de pegar, poderíamos adotar algum outro verbo menos frio. Porque, quando duas bocas se unem, nada é assim tão frio, na maioria das vezes esse “não estou nem aí” é jogo de cena. Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. Deixaram a personalidade em casa, isso sim.

No entanto, quem pode contra o avanço (???) dos costumes e contra a vulgarização do vocabulário? Falando nisso, a segunda tribo a que me referia é a dos namoridos, a palavra mais medonha que já inventaram. Trata-se de um homem híbrido, transgênico.

Em tese, ele vale mais do que um namorado e menos que um marido. Assim que a relação começa, juntam-se os trapos e parte-se para um casamento informal, sem papel passado, sem compromisso de estabilidade, sem planos de uma velhice compartilhada — namoridos não foram escolhidos para serem parceiros de artrite, reumatismo e pressão alta, era só o que faltava. 

Pois então. A idéia é boa e prática. Só que o índice de príncipes e princesas virando sapo é alta, não se evita o tédio conjugal (comum a qualquer tipo de acasalamento sob o mesmo teto) e pula-se uma etapa quentíssima, a melhor que há.

Trata-se do namoro, alguns já ouviram falar. É quando cada um mora na sua casa e tem rotinas distintas e poucos horários para se encontrar, e esse pouco ganha a importância de uma celebração.

Namoro é quando não se tem certeza absoluta de nada, a cada dia um segredo é revelado, brotam informações novas de onde menos se espera. De manhã, um silêncio inquietante. À tarde, um mal-entendido. À noite, um torpedo reconciliador e uma declaração de amor. 

Namoro é teste, é amostra, é ensaio, e por isso a dedicação é intensa, a sedução é ininterrupta, os minutos são contados, os meses são comemorados, a vontade de surpreender não cessa — e é a única relação que dá o devido espaço para a saudade, que é fermento e afrodisíaco. Depois de passar os dias se vendo só de vez em quando, viajar para um fim de semana juntos vira o céu na Terra: nunca uma sexta-feira nasce tão aguardada, nunca uma segunda-feira é enfrentada com tanta leveza.

Namoro é como o disco “Sgt. Peppers”, dos Beatles: parece antigo e, no entanto, não há nada mais novo e revolucionário. O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para sempre. É ele quem encerra esta crônica, dando-nos uma ordem para a vida: “Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante".

*Texto de Martha Medeiros

terça-feira, 7 de junho de 2011

Desejos*


Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

*Texto de Victor Hugo (lindo demais!)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Definitivo*

Definitivo, como tudo o que é simples. 
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. 

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.

Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. 

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. 

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. 

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. 

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar. 

Por que sofremos tanto por amor? 
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. 

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: 

Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. 

A dor é inevitável. 
O sofrimento é opcional...

*Texto do sábio Carlos Drummond de Andrade

sábado, 4 de junho de 2011

Amor é prosa. Sexo é poesia*

Sábado, fui andar na praia em busca de inspiração para meu artigo de jornal. Encontro duas amigas no calçadão do Leblon:

- Teu artigo sobre amor deu o maior auê... – me diz uma delas.
- Aquele das mulheres raspadinhas também... Aliás, que você tem contra as mulheres que barbeiam as partes? – questiona a outra.
- Nada... – respondo. – Acho lindo, mas não consigo deixar de ver ali nas partes dessas moças um bigodinho sexy... não consigo evitar... Penso no bigodinho do Hitler, do Sarney... Lembram um sarneyzinho vertical nas modelos nuas... Por isso, acho que vou escrever ainda sobre sexo...
Uma delas (solteira e lírica) me diz:
- Sexo e amor são a mesma coisa...
A outra (casada e prática) retruca:
- Não são a mesma coisa não...

Sim, não, sim, não, nasceu a doce polêmica ali à beira-mar. Continuei meu cooper e deixei as duas lindas discutindo e bebendo água-de-coco. E resolvi escrever sobre essa antiga dualidade: sexo e amor. Comecei perguntando a amigos e amigas. Ninguém sabe direito. As duas categorias trepam, tendendo ou para a hipocrisia ou para o cinismo; ninguém sabe onde a galinha e onde o ovo. Percebo que os mais “sutis” defendem o amor, como algo “superior”. Para os mais práticos, sexo é a única coisa concreta. Assim sendo, meto aqui minhas próprias colheres nesta sopa.

O amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo isso. Sexo é contra a lei. O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre de tesão. O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão posteriori pelos prazeres do sexo.

O amor vem depois, o sexo vem antes. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento.

No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam. O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições: não há fantasias permitidas. O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrrário não acontece. Existe amor sem sexo, claro, mas nunca gozam juntos. 

Amor é propriedade. sexo é posse. Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST. O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em “doação”. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio e veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também – tudo dependendo das posições adotadas.

Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do “outro”; o sexo, no mínimo, precisa de uma “mãozinha”. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mas sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não – é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. Amor muitas vezes e uma masturbação. Sexo, não. 

O amor vem de dentro, o sexo vem de fora, o amor vem de nós e demora. O sexo vem dos outros e vai embora. Amor é bossa nova; sexo é carnaval.

Não somos vítimas do amor, só do sexo. “O sexo é uma selva de epiléticos” ou “O amor, se não for eterno, não era amor” (Nelson Rodrigues). O amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge. O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói – quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: “Faça amor, não faça a guerra”. Sexo quer guerra. 

O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas... O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica. O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provinciais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem – o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção. Sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controla-lo é programa-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias.

Não há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordel, finge-se um "amorzinho" para iniciar. O amor está virando um “hors-d’oeuvre” para o sexo. O amor busca uma certa “grandeza”. O sexo sonha com as partes baixas. O perigo do sexo é que você pode se apaixonar. O perigo do amor é virar amizade. Com camisinha, há sexo seguro, mas não há camisinha para o amor. O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados. Sexo precisa da novidade, da surpresa. “O grande amor só se sente no ciúme” (Proust). 

O grande sexo sente-se como uma tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda (ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta). E por aí vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para o autor.

* Texto de Arnaldo Jabor

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Quando me amei de verdade*

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E então, pude relaxar.

Hoje sei que isso tem nome…Auto-estima.

Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é…Autenticidade.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de… Amadurecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é… Respeito.

Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável… Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama… Amor-próprio.

Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é… Simplicidade.

Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei menos vezes.
Hoje descobri a… Humildade.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é…Plenitude.

Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é… Saber viver!!!



*Este texto foi erroneamente atribuído à autoria de Charles Chaplin. Na verdade, ele já foi atribuído à vários autores, sendo Kim McMillen a mais provável autora do mesmo.

Este é um dos textos mais verdadeiros que já li! Acredito que não há receita para ser feliz. A felicidade é um caminho pessoal... Mas, para mim, este texto é uma receita para se viver bem!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Seja um idiota*


A idiotice é vital para a felicidade.

Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.

No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.

Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.

Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo,soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?

hahahahahahahahaha!...

Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?

É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí,o que elas farão se já não têm por que se desesperar?

Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.

Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.

Dura, densa, e bem ruim.

Brincar é legal. Entendeu?

Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva.

Pule corda!

Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.

Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.

Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.

Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...

Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!

Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!


*Texto de Ainlin Aleixo

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O adeus à lógica*


“Rendição é minha maior dificuldade. Eu me exijo desumanamente. Tenho a impressão de que se eu não tiver uma vida bem argumentada, ela vai se esfarelar em minhas mãos. Sou garimpeira, quero sempre cavoucar a razão de tudo, não consigo dar dois passos sem rumo determinado.”


Esse é um trecho de um livro. De um monólogo de uma mulher no analista, tentando se libertar do que considera sua maior virtude e, ao mesmo tempo, seu maior entrave: ela racionaliza tudo. Demais. Ela sabe que pensar é um bom hábito, mas pensar o tempo todo é nocivo, principalmente quando se está vivendo um grande abalo emocional. É o caso da personagem do livro, que viveu uma série de rupturas num breve período de tempo e tenta, alucinadamente, entender o que aconteceu, e como, e quando, e por quê.

Alucinadamente não é um advérbio usado aqui por acaso. Procurar entender uma dor enlouquece mesmo.

A maioria das pessoas, quando em estado de sofrimento extremo, pensa até a página 2. Dali por diante, desiste de encontrar razões que fundamentem sua devastação e tratam de chorar e chorar até que um novo dia amanheça, porque sempre amanhece. Elas vivenciam o luto, perdem a elegância e xingam os deuses, pois sabem que todo sofredor tem crédito na praça, pode pirar durante um tempo que os amigos seguram a onda.

O que o sofredor não pode é tentar buscar alguma lógica para o que está sentindo, porque a emoção não tem lógica, as coisas dão certo e depois não dão, as pessoas dizem que te amam e depois desamam, de manhã você está infeliz e no meio da tarde se anima, e só há uma explicação: a vida é assim. Para alguns, essa explicação basta. Para outros, essa explicação só pode estar sonegando alguma coisa. Não toleram tanta simplificação. Que vida é assim, o que!

A personagem do monólogo finalmente amadurece e entende que não há nada sendo sonegado. Não temos controle sobre coisa alguma, a cada dia estamos nas mãos do imprevisto, e tudo o que nos resta é aproveitar os acontecimentos bons e lamentar as dificuldades, pois elas fazem parte do mesmo kit. É pegar ou largar. Mas só um demente largaria. Quem não se sujeita ao pacote inteiro, não vive.

O livro não tem final, apenas mostra que, depois de a personagem ter quebrado a cabeça tentando encontrar conexões entre suas atitudes e pensamentos, descobre que a vida não é mesmo bem alinhavada. Buscar uma lógica para a dor só nos prende ainda mais a ela. É como tentar morder o próprio rabo – nunca terá fim.

Toda emoção é inconstante, toda paixão é bipolar. Tudo é mistério, tudo é instável, e sorte de quem aprende a se equilibrar nessa gangorra. O livro que citei foi publicado por mim nove anos atrás, chama-se Divã e tem sido uma alegria vê-lo ainda tão potente através da minissérie que está no ar. A personagem Mercedes se emancipou da autora e agora está comovendo através dos textos do talentoso Marcelo Saback. Mas a moral da história continua a mesma: basta estarmos vivos para sermos passíveis de assombro.

*Texto de Martha Medeiros

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A falsa arte de dominar alguém

"Enquanto eu estiver ali, ela não conversa com ele". Vi a situação e depois ouvi essa frase de uma das partes envolvidas. Sim, era a mulher ou namorada ou peguete do cobiçado em questão que falava isso em alto e bom tom para todos ao redor ouvirem.  Aí eu te pergunto: tá, enquanto você estiver ele não conversa. Mas, você, por acaso, vai ficar grudada no cidadão 24h por dia? 

Tem mulheres que acham que podem defender seus homens do furioso ataque de uma piriguete qualquer por aí. Ledo engano. Elas não só não defendem como também podem abrir as portas para que isso aconteça. Encaremos aos fatos:

1- Ao desafiar uma piriguete que, supostamente, quer dar em cima do seu homem, você estabelece a concorrência. O ser humano é movido à desafios. Qual é a chance da piriguete em questão se intimidar? Nenhuma. Pelo contrário, ela vai é querer mais e mais pegar o homem. Aí no caso, talvez nem vai ser porque ele é um "deus grego", mas porque houve o desafio e ela quer mostrar que é mais. Vantagem desta ação: praticamente nula ou "o feitiço volta contra o feiticeiro".

2- Ao impor que enquanto estiver com ele, ele não vai conversar com a outra, você não apenas infla o ego do cara (nossa, eu sou o maior mesmo! Duas brigando por minha causa) como também levantar a dúvida na cabeça dele: será que ela é melhor? Vantagem desta ação: chifre prestes a se estabelecer!

Mulherada, acorda! Ninguém protege ninguém de ninguém! E ninguém é propriedade de ninguém! Se a piriguete quer atentar seu homem e se conseguir, quem é que errou na questão? Não tem como ficar colada no cara e impondo regras para um relacionamento 24h por dia. "Com essa você pode conversar, com aquela não". As pessoas esquecem que têm suas individualidades, seus projetos, seus amigos, praticamente se anulam quando estão numa relação. O que, ao meu ver, é o objetivo contrário de um relacionamento. As pessoas devem se somar, não se separarem para viver num mundo à parte e alheio da sociedade.

Outras mulheres bonitas e outros homens também, existem às pencas, ou seja, a concorrência existe a todo momento. O que vai te prender a ele e ele a você são as sensações que vocês despertaram um no outro e a sua autoconfiança.  Quem se deixa levar por qualquer braço másculo ou qualquer bunda grande é superficial e não dá valor ao que tem ao lado. Aí sim, em vez de brigar, é hora de pensar até que ponto esse relacionamento é sincero!

terça-feira, 15 de março de 2011

Ainda sobre a morte

Sei que muita gente não gosta de falar disso, nem pensar que isso um dia vai acontecer. E antes que pensem qualquer coisa, já respondo: Não, não estou deprimida e nem melancólica. A palavra certa é “pensativa”.

Também pudera: não há como passar pela morte de alguém mais do que especial na sua vida e ficar inerte. Ficar só chorando também acredito que não é o caminho. Eu busco entendimento, algum aprendizado para carregar comigo e amenizar todo este vazio, só isso.

Dói quando eu lembro que poderia ter feito mais, ter dado mais atenção, sentado mais vezes para conversar... Mas nós somos assim, não é? Cada um tem o seu temperamento, nem todo dia estamos bem, mas o certo é que muitas vezes deixamos passar... E o deixar passar vai pesar lá na frente.

Também lembro dos bons momentos, das risadas, das conversas intelectuais, de todo carinho e amor. As lembranças mais doces da minha infância têm a sua imagem, meu pai. E eu espero do fundo do meu coração que, mesmo que do meu jeito, tenha conseguido retribuir a todo esse amor!

O lado sério agora: hoje eu penso que a morte nos acorda, que nos faz amar melhor, nos faz crescer, dar outro valor à vida, a quem está perto.

Por falar em vida, ela passa muito depressa, todos sabem. Ao mesmo tempo, reclamamos do dia que não acaba, dos fins de semana que não podemos fazer nada por causa da chuva, etc. Reclamar é com a gente mesmo, não?! Mas será que não podemos fazer nada mesmo? Garanto que se aproveitarmos cada minuto do dia ele não será pesado em nenhuma ocasião!

E, principalmente, se curtirmos quem está do nosso lado, a nossa família (por mais torta que seja) todo o tempo será pouco! Porque sonhos, nós devemos ter sim, sempre! Eles nos impulsionam a correr atrás. Mas, o que temos aqui e agora é o presente e o que carregamos para o amanhã são lembranças. Cuide para que as suas não sejam do tipo “podia ter feito mais” e, sim, que sejam de amor, respeito e cumplicidade...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Saudade

‎Muitos são alegria. 
Outros, correria. 
Alguns são busca e encontro. 
Tem os que são chegada e despedida. 
Há alguns desencontros e infelicidades. 
Tem os que são trágicos e hipocondríacos.
Os que riem sem motivo e os que demoram a sorrir. 
Mas eu? 
Hoje, eu sou saudade!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sobre o medo

Sempre fui muito medrosinha, sabe... De tudo eu tinha medo: de perder média na prova, de perder meus amigos, de perder hora, de andar sozinha na rua, de ficar sozinha, medo do escuro, medo de não conseguir emprego, de não arranjar namorado, de não casar, de perder os pais...

O medo é uma coisa engraçada: ele é capaz de te paralisar se você deixar. Mas ele não é de tudo vilão. Quando ele tenta te paralisar, na verdade ele quer que você pare para observar o porquê o está sentindo e pronto: temos a solução de todos os problemas!

E é assim: todas as situações que imaginamos quando estamos com medo pode anotar não chega nem perto do que acontecerá na realidade.

Passei por isso recentemente ao perder meu pai. Sempre imaginei que numa situação extrema dessas, eu iria surtar, entrar em puro desespero... Ainda dói lembrar o momento que recebi a notícia de sua morte e a ficha ainda não caiu... Mas eu não surtei, não entrei em desespero.

Está certo que eu queria que não fosse comigo, lembro que meu corpo inteiro doía, queria sumir. Mas o desespero não veio. Dizem que nessas horas Deus nos dá uma força que nunca imaginávamos que tivéssemos. E assim foi comigo e com minha mãe e irmãos. Apesar do vazio que se abre no peito, da sensação de não saber por onde continuar, nós seguimos adiante...

E de todo esse sofrimento e saudade eu tiro uma lição: aproveitar cada momento do dia e cada uma das pessoas que chega perto de mim. Não deixar de dizer nada que eu gostaria e viver o presente, uma vez que o amanhã não me pertence.

Acredito que por ter aproveitado dos momentos que tive com meu pai, hoje eu esteja conseguindo manter a calma e a serenidade. E é isso que gostaria de deixar para todos que leem esse texto:

O medo é apenas para você parar e pensar.

O presente é um presente mesmo.

E as pessoas que estão ao nosso redor fazem parte do nosso cotidiano e devemos respeitá-las e sempre dizer o quanto elas nos são especiais.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

"Grite bem alto se quiser ser ouvido.
Ninguém faz revolução em silêncio".

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Dois

O Amor tomou conta do seu pensamento. Era um lugar diferente do que ele já habitara dentro dela, por isso, estranhou que ele estivesse em sua mente. E tão logo se instalou tomou conta de tudo, como o clarão do sol inundando um quarto ao amanhecer.

De início ela não o reconheceu. Estranhou quando caiu em si. E novamente ele fez casa dentro dela e a chamou para conversar. Mesmo se sentindo uma criança acuada, com medo, ela aceitou. Não restavam alternativas. Chegou a hora de encará-lo novamente.

O papo fluía bem. Histórias e mais histórias foram surgindo. O Amor a lembrou de tudo: dos sentimentos platônicos da adolescência até sua primeira manifestação verdadeira, que já havia acabado há algum bom tempo.

Foi então que com os olhos em lágrimas ela perguntou: "Por que sumiu de mim? O que fiz para ter o seu desprezo?"

O Amor não titubeou e respondeu: "Eu não sumi. Você que me esqueceu, me trancou, virou as costas para mim".

Ela sabia que a história tinha sido mais ou menos assim. E também sabia que não o fez por maldade. Só queria se preservar, se proteger... Ora, como em um momento ele a fizera se sentir tão bem e completa a no outro a jogara no fundo do poço? Encheu-se de dúvidas na época e viu que a melhor saída era desfazer-se dele. E foram anos assim. Ela de um canto e o Amor do outro.

Como o Amor queria fazer as pazes com ela e tinha, inclusive, tomado a iniciativa, vendo-a chorar lhe estendeu a mão. Ela simplesmente disse: "Não sei quem é você".

"Sou o que une a humanidade. O que está atento a cada gesto, cada palavra dita e até mesmo guardada silenciosamente nos corações. Não sou o mal, sou o libertador"- foi o que lhe respondeu. Ela aceitou as pazes. Entendeu que precisava dele e que caminharia melhor em sua presença.

As lágrimas agora eram de felicidade e inundaram seu rosto. Num gesto de puro cavalheirismo ele secou cada uma com um beijo.

 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

"Cansei de fazer tipo. Quero fazer a tal".

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Recordar é (re)viver

No trabalho dia desses, as amigas se juntaram para conversar na hora do lanche da tarde. O cardápio era pão de queijo e café. E, acreditem ou não, eu não gosto muito de tomar café e foi então que um gesto meu (eu tirava pequenos pedaços do pão de queijo e molhava no café! rsrs) nos remeteu aos tempos das nossas infâncias e aos costumes da época.

Uma das meninas disse que gostava e gosta até hoje de quebrar a bolacha de maisena, misturar com o café e comer! Outra lembrou de um bolinho que a vó fazia e eu lembrei do clássico “leite com farinha” (já experimentaram?). Na mesma hora a boca encheu de água e eu fiquei lembrando da farinha se derretendo no leite, uma amiga disse que colocava açúcar, mas eu gostava dele salgadinho mesmo! Nostalgia pura!

Depois a gente para e pensa: por que certas coisas só fazemos quando somos crianças? E como a nossa infância é diferente da infância que vemos hoje, tão digitalizada e estática não?
No meu tempo (isso há uns vinte e poucos ano
s atrás) nós brincávamos na rua com as outras crianças! Era pula-corda, amarelinha, pique-pega, esconde-esconde e tudo numa paz e alegria que quando entravamos em casa para tomar banho e jantar, logo já caímos na cama de sono de tão cansados que estávamos. Hoje não tem nem como haver isso.

Mas voltando a primeira pergunta, nós crescemos e junto com esse crescimento aumentam também as responsabilidades. O pula-corda vira “pula-problema” e o pique-pega vira uma verdadeira correria para fazer o que é preciso e pegar as melhores oportunidades para melhorar de vida. Se ficar muito parado, a “Cuca vem pegar”. Tempo para brincadeiras? Só
se for online mesmo porque na vida real, onde tudo acontece, nós estamos é sempre correndo e sem tempo para nada!

Que bom que nós temos memória e ela anda funcionando bem (pelo menos por enquanto!). Assim podemos sempre recorrer a ela num verdadeiro momento de fuga para lembrar de um tempo em que a única correria que aprontávamos era aquela para fugir de quem estava com o “pique”!

E vocês, qual é a lembrança especial de suas infâncias?




terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ansiedade nossa de cada dia

Roer unhas, inquietação, fome descontrolada. É assim que eu traduzo a ansiedade, praticamente um mal que atinge muitas pessoas hoje em dia. Quem não tem algo lhe causando ansiedade que atire a primeira pedra!

Nós somos assim mesmo: vivemos hoje com a cabeça no amanhã e com isso muitas vezes não prestamos e não damos valor ao que estamos passando no presente. Temos a impressão de que quando tivermos isso ou aquilo nós estaremos melhores. Ou seja, nos impomos esperar condições ideais para realizarmos, para vivermos. Vai dizer que você não faz isso?

Errado? Não acho... Sonhar é bom, claro! Estimula a gente. Porém, é imprudente viver somente no mundo dos sonhos e esquecer que no presente também temos todas as condições para vivermos bem. Mas para isso é preciso que aprendamos a gostar e a dar valor às pequenas coisas e pequenos prazeres diários.

Para e repara nestes poucos exemplos: já viu como é bom saborear sua comida favorita? Tomar aquela água geladinha quando o calor está quase te deixando tonto? O banho relaxador na hora de dormir?

Sim, muita gente não para nesses momentos. Ta comendo e pensando na reunião daqui a 15 minutos. Toma água pensando no trabalho que precisa redigir. Toma banho repassando todos os afazeres que terá no dia seguinte.

Por mais ansiosos que somos precisamos sempre nos concentrar naquilo que estamos fazendo no momento. É um treinamento, um condicionamento. Mas uma vez que aprendemos isso, pronto: a cada momento viveremos o prazer momentâneo e assim nos sentiremos mais organizados e com espaço para planejar e sonhar com o futuro também.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Eles lutam, tu lutas, eu luto

Os políticos brigam em Brasília porque querem uma fatia do bolo ministerial. Nós, meros mortais que tivemos nas mãos a oportunidade para mudar ou dar chance àqueles que realmente querem trabalhar (será que eles existem?) demos é mais farinha para engrossar o angu. E, claro, depois ficamos reclamando. Afinal, a gente briga pelo quê?


Já parou para analisar? Reclamões não faltam e do que reclamar também não. Sim! É mais fácil apontar o dedo do que arregaçar as mangas e ir lá curar as feridas. Por que será que o papel de vítima todo mundo quer e o papel de lutador fica restrito a uns poucos e bons que aceitam a briga? Porque é muito mais fácil receber de mão beijada do que lutar.


Lutar te expõe a situações adversas que estão ali justamente para te testar e ver até onde você confia em si mesmo. Muitos não aguentam e abandonam. Sim, também é uma escolha e nós não temos o direito e nem podemos julgar o porquê que a pessoa fez isso (cada um sabe onde lhe aperta o sapato!). Mas admiramos quem vence e nos espelhamos neles para nos dar força em nossa jornada.


Portanto, lancemos mão de um patuá de vontade, esperança, fé em Deus e pé na tábua!


Os políticos que continuem a briga fácil de lá que nós trataremos de dignificar a nossa luta de cá. Um dia a gente muda a coisa.